E poderão vocês perguntar: e isso é mau?
Claro que dependerá das crianças e das atividades, e sabendo que a única experiência que tenho resume-se à educação dos meus filhos, devo dizer que para mim isso não é assim tão positivo.
Comecei a refletir sobre o assunto quando li este artigo. Mais tarde li uma entrevista onde uma terapeuta ocupacional declarava que o problema da educação em Portugal era exatamente a não existência de tempo efetivamente livre para as crianças.
O meu filho entra na escola (pública) antes das 9 e sai às 17h30, sendo que raro é o dia que não trás TPCs. Durante o período letivo tem as aulas com a professora dele e depois tem inglês, ginástica, expressão dramática, música e estudo acompanhado.
O que falta então? Que competências ele não está adquirir? E não será mais importante aquilo que estão a aprender?
Temos que encontrar um ponto de equilíbrio.
O que falta é tempo. Quando éramos miúdos muitos de nós ficavamos, no período em que não tínhamos escola, com os avós ou a brincar na rua. Essa experiência dava-nos algo insubstituível. Desde as traquinices, até aprender bricolage com o avô, ou como a avó fazia o bacalhau, tudo é aprendizagem.
E agora? Como é que o meu filho vai ter oportunidade de aprender a engendrar um plano para que ninguém fique a saber que fez asneira, aliás quando é que ele vai ter tempo para fazer asneiras e aprender com os seus erros?
A brincar, a viajar, a conviver com familiares e amigos, as crianças adquirem aptidões que terão mais influência no seu futuro do que aquilo que se aprende numa sala de aula, pois ao serem conhecimentos estruturados, normalizados e globalizados não constituirão fator de destaque no adulto em que eles se tornarão.
Procuro assim, sem me desresponsabilizar como mãe e sem os desresponsabilizar como pequenos aprendizes, eliminar todo o esforço adicional que não traga qualquer mais valia à educação dos meus filhos, dando-lhes espaço e tempo para explorarem as suas aptidões naturais.
PS: aproveito para dizer que enquanto escrevia este post o meu filho dedicou-se a atividades tão variadas como fazer graffitis na parede da avó (autorizado), subir a um telhado (não autorizado!) e fazer uma caça ao tesouro com os primos mais velhos. Espero que já tenha aprendido que não pode voltar a subir ao telhado!!!
Já era tempo de criares um espaço onde partilhes simplesmente os teus pensamentos e experiências. Gosto muito de conversar contigo e vou certamente gostar de te ler :) Beijinhos
ResponderEliminarTentarei corresponder às vossas expectativas!
EliminarOlha prima...fiquei de boca aberta com tal explanação. Cinco estrelas. Cinco estrelas em escrita, e em conteúdo. Assino por baixo e delicie-me a ler a tua escrita. Quando sai o livro????
ResponderEliminarObrigada! Ainda agora nasceu o projeto, não podemos apressar o seu crescimento!
EliminarSendo eu professor não poderia estar mais de acordo. "Pensamos o mundo através da forma como o experimentamos" Ken Robinson
ResponderEliminarParabéns pelo artigo.
Obrigada. Pena que nem todos os professores tenham essa visão e que pensem que seguir um programa é ficar enfiado numa sala de aula e fazer com que os alunos aprendam a matéria. Seria bom que eles experimentassem e pensassem mais sobre aquilo que aprendem e apreendem.
EliminarInfelizmente às vezes o que acontece quando têm tempo livre é não saberem o que fazer com ele, uma vez que já têm tudo tão estruturado que depois o desejo de fazerem tudo ao mesmo tempo deixa-os numa inquietação! Tipo: Mãe e agora o que é que eu vou fazer?:)
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