Este artigo que li no blog ZenHabits fez-me mudar a forma de ver a educação dos meus filhos e deixou-me a pensar. Pensei e agi! Mudei a forma como encaro a educação dos meus filhos.
Aprendizagem escolar vs atividades extra-curriculares
Sempre pensei que na formação de um adulto faz muita diferença a preparação que trazem da sua infância, e também verifiquei que quando andava na faculdade os alunos de sucesso não eram aqueles que mais estudavam, mas sim aqueles que traziam alguma experiência de vida. Ou seja, os mais viajados, ou aqueles cujos pais podiam proporcionar experiências inteletuais e contatos que outros não tinham.
Também sempre foi uma ideia minha que se uma criança não tem contato com algumas atividades e/ou desportos nunca poderá saber se tem vocação para as mesmas.
Talvez porque eu tenha tido uma professora primária que me preparou muito bem, mas nunca tenha tido muito tempo investido em atividades extra, o meu foco na educação dos meus filhos sempre foi mais proporcionar-lhes o contato com algumas atividades extra-curriculares do que a preocupação com a aprendizagem curricular.
Mas após a leitura deste artigo a minha posição mudou!
Atividades extra-curriculares vs Aprendizagem pela Experiência de Vida
Atualmente apenas mantenho a natação para cada um deles e as atividades curriculares dos colégios/escola pública. E porquê?
As crianças precisam de atividades menos estruturadas. Andamos a estruturar demasiado o tempo das nossas crianças, não lhes permitindo que aprendam brincando, errando, caindo, dançando, fazendo à sua maneira.
Voltando ao artigo que me fez pensar, retive a seguinte mensagem:
a educação das nossas crianças está assente no pressuposto de que quando crescerem vão necessitar dos mesmos conhecimentos que nós consideramos serem necessários a um profissional de sucesso. No entanto, esquecemo-nos que a evolução da nossa sociedade e da tecnologia fazem com que os conhecimentos adquiridos hoje rapidamente se tornem obsoletos ou irrelevantes.
A autor apresenta as seguintes aptidões como sendo as essenciais para capacitar os miúdos para serem bem sucedidos no mundo real, sendo que apresento aqui uma descrição livre das mesmas:
- Aprender a fazer perguntas - Irá permitir-lhes que aprendam por eles próprios;
- Resolver problemas - Capacitá-los a apresentar soluções para problemas e até a criar os próprios problemas;
- Enfrentar projetos - Fazê-los entender que a vida é feita de projetos que temos que enfrentar e empreender.
- Encontrar a sua paixão - Ajudá-los a encontrar a sua paixão, aquilo que efetivamente gosta de fazer e encorajá-lo. Fazer aquilo que mais gosta de certeza que o deixará mais feliz.
- Independência - Os miúdos devem aprender a ser independentes e a fazer cada vez mais coisas sozinhos. Nós criamos a dependência. Ajudamos mais não fazendo por eles, aquilo que tem de ser feito por eles. Falharão algumas vezes, mas quando tiverem sucesso, ficarão inchados de sucesso;
- Saberem estar felizes sozinhos - Isto realmente preocupa-me, que os jovens de hoe não saibam estar felizes sem a companhia de alguém, o que os tornará dependentes de uma 3.ª pessoa, seja ela quem for. Se eles souberem entreter-se e passar um momento de qualidade numa brincadeira isolada, isso prepara-os para de futuro não serem frustrados quando se encontrarem num momento de solidão.
- Compaixão - Isto tem que ser trabalhado nas crianças quase diariamente. Estes pequenos seres conseguem ser muito cruéis uns com os outros e se não forem contrariados este é um problema que pode ser agravado com a idade. Quando as crianças têm uma atitude mais cruel com outra devemos sempre confrontá-los com: e se fosse contigo? Como te sentirias? Em adultos, nada como manter o pensamento não faças aos outros aquilo que não queres que te façam a ti, e para evitar linguas viperinas nada como manter o seguinte raciocínio "Se não queres que alguém ouça o que vais dizer então não digas"
- Tolerância - É básico, mas de tão básico que é, é uma aptidão esquecida! Ainda há pais que não se inibem de fazer comentários menos tolerantes, racistas, machistas ou outros, à frente dos filhos. Obviamente que grande parte da educação das crianças assenta na imitação dos pais. E não preciso de dizer mais nada.
- Lidar com a mudança - Esta é a aptidão que mais falta faz à minha geração que foi educada num quadro de estabilidade muito grande. Muitos de nós fomos educados por pais que nunca mudaram de emprego, nem de casa, nem de família (o que é positivo!). Mas no nosso futuro a única certeza que há é que nada é certo, e saber lidar e adaptarmo-nos às mudanças é uma das aptidões mais valiosas a adquirir.
E afinal o que aprendem eles na escola?
Significa isto que eles não andam a aprender nada na escola?
Claro que não é isso, no entanto, há aptidões que devem ser desenvolvidas e em que a escola falha redondamente. Falamos da capacidade de aprender e apreender, de fazer perguntas, de improvisar, de resolver problemas.
Estamos tão preocupados com o aproveitamento escolar que nem nos lembramos que mais importante do que as notas que eles obtêm são as aptidões que adquirem para que no futuro possam facilmente apreender os conhecimentos necessários.
Sei que as bases do 1.º ciclo do ensino básico são essenciais para o sucesso da aprendizagem como um todo. É essencial que saibam ler, escrever, interpretar, resolver problemas e formulá-los. E é aqui que podemos ajudá-los fora das portas da escola. E é aqui que o nosso ensino falha redondamente dentro das portas da escola.
O meu filho, no jardim de infância ia à Biblioteca. No ensino básico não vai, não há tempo, há um programa para dar. Mas será que alguns deles não iriam ficar mais motivados para a leitura se aprendessem a ser utilizadores de bibliotecas. Principalmente as classes mais desfavorecidas, que não tem possibilidades de adquirir livros. Já aqui falei deste tema e posso dizer que continuo a frequentar a biblioteca com os meus dois filhos de 15 em 15 dias.
O meu filho, no jardim de infância ia ao Festival Indie Júnior (carolice de um pai, completamente apoiado pela Educadora e bem!).
O meu filho, no jardim de infância foi a museus umas 3 ou 4 vezes. E pintou um quadro.
No jardim de infância não ensinam a ler, escrever nem tabuadas, mas sei que foi onde o meu filho criou as suas principais bases ao nível da arte, do conhecimento do livro como objeto de culto, da música, do movimento.
Será que a aprendizagem curricular não deveria ser repensada com base em experiências de vida.
Haja professores com corajem para enfrentar os currículos pela perspetiva da aprendizagem no longo prazo e pais menos preocupados com as notas, e com disponibilidade para capacitar os miúdos para adquirir as aptidões aqui descritas.
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